Olá a todos, sou Lucy Woods (meus pais gostavam de Beatles e usavam drogas durante a adolescência, LSD sabe). Bem... Tinha 16 anos, cabelos loiros, olhos claros e uma bolsa Louis Vuitton. Quer saber por que estou falando no passado? Porque no momento estou meio que morta, sim a morta está falando extremamente clichê tipo memórias Póstumas de Brás Cubas ou Beleza Americana, só que se a morta não contar a própria historia minha amiguinha Nikki nunca contaria... (suspiro)
Poderia ter tido uma carreira, vários maridos, casas, carros, amantes e muita grana, mas não, morri em um beco abandonado de uma cidade que nem o demônio curtia. Mas vamos parar de falar de mim, vamos falar de como morri...
Eram oito horas em ponto, havia passado meu melhor perfume e me despedia de Nikki que transpirava inveja, de mim, é claro. Do lado de fora podia ver Adam no final do corredor. Me apressei para alcança-lo.
-Oi-disse ainda sem jeito
-Boa noite Lucy. Vamos fiz reservas em um bom restaurante. - era um sonho ouvir ele dizer meu nome
-Sim, claro. Onde?
-Calma, você verá. - Ele apontava a cabeça em direção a saída.
No caminho a cidades, mil coisas passavam pela minha cabeça. Primeiro já teria meu par ideal para o baile, segundo se eu começasse a sair com Adam, teria minha credibilidade como líder de torcida lá em cima e logo eu seria capitã do time, e terceiro, Lola ia me invejar pelo resto do ano letivo. Aqueles olhos verdes e aqueles cabelos escuros com todo aquele charme e altura tinham sido feitos exatamente para mim- sim Nikki, para mim.
Jantamos em um restaurante italiano maravilhoso. Conversamos muito e acabamos com uma garrafa de vinho. Eu nunca tinha bebido, então estava muito tonta. O mundo girava, mas era a sensação mais agradável que já sentira- minha mãe não podia sonhar com isso, ela sempre dizia que o álcool tira a virtude da mulher, o que posso dizer? Cresci em uma família conservadora.
Adam e eu levantamos, havíamos decidido terminar isso em outro lugar. Voltamos então ao colégio. Adam e eu cambaleávamos pelo corredor rindo, e nos beijando apaixonadamente- sim Nikki, a-p-a-i-x-o-n-a-d-a-m-e-n-t-e. Ele beijava meu pescoço e não conseguia faze-lo parar. Estávamos indo em direção do meu quarto, mas lembrei de que Nikki nunca saia de lá, e provavelmente já estaria dormindo a essa hora, sabia que não seriamos silenciosos se é que me entendem. Tentei convencer Adam para irmos para seu quarto. Entramos no quarto vazio e silencioso e nos deitamos na cama. Adam me beijava.
-Tem certeza que ninguém vai chegar hoje? Cadê o seu colega de quarto?- perguntava receosa
-James está por ai com alguma garota então só vai chegar amanhã ou sei lá quando- disse sorrindo e continuava a me beijar
-Então você quer dizer que o James não é fiel a Nikki? Tenho que contar isso para ela agora!- disse levantando decidida da cama
-Não, quer saber eu tenho certeza que ele está em algum bar jogando sinuca com homens e tomando cerveja- disse Adam me puxando de volta para a cama.
-Não disfarça você sabe de algo e vai me contar.
Ele olhou fixamente nos meus olhos e disse:
- Você vai se acalmar e ficar aqui agora, está bem?
- Sim- respondi involuntariamente. Tinha sentido a sensação mais entranha do universo, era como se ele em controlasse, mas para mim tudo era efeito do álcool- agora entendo porque a Nikki era tão estranha, ela vivia bêbada.
Nós continuamos a nos beijar. Dessa vez, ele beijava meu pescoço mais forte e subia meu vestido quando senti algo estranho em minhas costas. Eu o afastava procurando o motivo do meu incomodo, mas ele continuava a me beijar. Então achei o objeto, tinha uma textura estranha, era algo de plástico, um saco, estava cheio pela metade com o que parecia ser...
-Sangue? – soltei, ao ver o que segurava- O que é isso Adam?
- Ah é... é nada- disse tentando tomar o saco de mim.
- Sim é algo. Poderia me explicar a finalidade disso?- me impus esperando uma explicação lógica.
- Faço doação de sangue, por isso a bolsa.
- Nossa isso é completamente anti-higiênico, e sangue deve ser mantido em temperatura baixa...
- Desculpa, eu realmente não sei como isso foi parar ai.
Eu comecei a rir- acho que não deveria ter bebido tanto- e cambalear pelo quarto com a bolsa de sangue na mão.
- Adam você me deve uma explicação logica e racional agora!
- Lucy meu amor me devolve isso- ele tentava vir para cima de mim pegar
E eu passava por cima da cama para o outro lado do quarto.
- Vem Lucy, me devolve vai, você vai... - disse ele já me segurando antes que tropeçasse no fio da luminária- cair.
- Eu estou... - olhei assustada para minha perna que escorria sangue- Como eu me...?
- Nossa você deve ter machucado em uma farpa da cama- disse ele tirando a bolsa de sangue da minha mão e me colocando sentada na cama.
- Eu não posso ver sangue... Desde que Harry Winslet cortou o joelho no jardim de infância eu não suporto o cheiro de sangue, acho que vou... - minha visão estava escura, Adam era um borrão. E então desmaiei.
Lembro-me de ver luzes, de estar deitada no banco de trás de um carro a caminho da cidade, acho que reconhecia aquele monumento. Via luzes reluzentes que machucavam meus olhos, então os fechava mais uma vez. Ouvia Adam, tinha quase certeza que era ele, ele repetia consigo:
- O que eu fiz? O que acabei de fazer? Porra! O que vão dizer? O que eu fiz? O que fiz?
Lembro-me de acordar com a umidade do chão e com o frio que sentia com o vento batendo em minha pele.
- James, você tem que vir aqui agora! Eu, eu fiz... Eu...- ouvia a voz de Adam bem longe, não conseguia ver onde estava, meus olhos já não abriam mais.
Ele me arrastou pelo chão áspero que arranhava minha pele, e colocou-me sentada encostada na parede fria. Sentia sangue escorrer da minha cabeça, descendo pelo meu rosto. A dor, a dor era insuportável, eu queria morrer, morrer ali naquele momento. O tempo parecia que não passava nunca, mas eu já não permanecia acordada por muito tempo.
- Que merda Adam, o que você acabou de fazer? Você sabe que quando você fode com tudo nós temos que nos mudar para longe!
- Eu estava com sede e ela sangrando, eu... eu... não podia controlar...
- Porra Adam! È por isso que você deve beber sempre, sempre! Merda!
-Eu... Sinto muito cara
- Adam presta atenção. Você não é mais o serial-killer que encontramos há 54 anos em Nova York. Você pode se controlar agora irmão, nós confiamos em você.
Senti mãos frias tocando meu corpo, agora elas queimavam minha pele.
- Adam você arrancou até o escalpo!
- Era o que eu fazia... Vai parecer coisa de serial-killer
-Adam, ela está viva ainda!- sentia uma mão pesada no meu peito- Merda Adam nem de matar ela você foi capaz?!
-Não vai mais doer, eu prometo- senti um sussurro no meu ouvido.
Então senti a faca apunhalada em meu peito, mas agora já não sentia mais dor, só um peso forte no meu peito e sentia frio, muito frio.